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Nosso foco para 2025 é abrir mais 12 mil vagas em tempo integral”
Hélio Daher destaca investimentos em infraestrutura, formação básica e técnica e proibição de telefones celulares; ele também revela a meta de criar 12 mil vagas no Ensino Fundamental integral
secretário de Estado de Educação, Hélio Daher, em entrevista ao Correio do Estado, destaca os avanços obtidos em seus dois anos como titular da Pasta no governo de Eduardo Riedel (PSDB). No Estado que paga o maior salário aos professores da Educação Básica no Brasil, Daher celebra progressos significativos em pontos estratégicos, que convergem para uma padronização do ensino em um bom nível de qualidade, com o objetivo de avançar ainda mais.
Os pilares para isso? Investimento em infraestrutura nas escolas, na formação dos professores e na formação técnica dos alunos, preparando-os para o mercado de trabalho.
Quanto aos resultados já alcançados, como a boa proficiência em toda a rede, ele atribui grande parte ao sucesso da expansão do Ensino Médio em tempo integral, que já abrange os 79 municípios do Estado e 62% da rede escolar. Após atender plenamente à demanda nesse segmento, a meta para o ano que vem é abrir 12 mil novas vagas no Ensino Fundamental e colaborar com as prefeituras na ampliação de vagas em creches.
O senhor entrou para a gestão de Eduardo Riedel como um dos quadros técnicos. Faça um balanço de sua atuação nos últimos dois anos.
Em toda a gestão de educação, o objetivo sempre é a aprendizagem, e o alicerce da educação é em três bases: acesso, permanência e aprendizagem. O mundo inteiro trabalha dessa forma. Hoje nós temos acesso, não faltam vagas na Rede Estadual de Ensino [REE]. Temos atualmente um desafio de permanência, principalmente no Ensino Médio e, além disso, temos de garantir a qualidade de aprendizagem.
Atualmente, temos investimentos em várias áreas, e só lembrando, isso está dentro do que já tratamos com o ministro da Educação e com o governo. Para que a gente tenha qualidade, temos de investir em infraestrutura. Nesses dois anos foram quase R$ 800 milhões, entregamos 127 escolas reformadas e até o ano que vem teremos 70% de nossa rede totalmente reformada. Hoje, em termos proporcionais, a rede de Mato Grosso do Sul é a rede estadual que mais reforma escolas no Brasil. Outro objetivo que a gente vem garantindo é o salário, tanto que é o maior do Brasil.
Mesmo com a diferença salarial entre professores efetivos e temporários?
Além do salário do professor efetivo, que é o maior do Brasil, há um ponto importante a ser observado quando falamos em professor temporário. Ele é o sexto melhor salário de professor do Brasil. Por isso, é importante lembrar que, mesmo que o professor temporário tenha um salário menor que o do professor efetivo, ele é e está entre os maiores do Brasil, e isso estamos falando de uma comparação com professores de carreira de outros estados, e não com os temporários.
Além do salário, como está o acompanhamento da formação dos professores?
Temos trabalhado bastante com a formação, e envolve não apenas a formação dos professores, mas também a formação dos gestores da escola, a construção de uma equipe de coordenação pedagógica mais ampla. Quando assumimos, tínhamos uma dificuldade na qualidade dos coordenadores pedagógicos, e esse profissional é o grande coringa da escola, porque ele atua como professor, ele atua com os pais dos alunos. Temos focado em trabalhar em ações especializadas, como matemática, português. Também implementamos a inserção de um profissional de psicologia no setor de assistência social para atender as escolas. E por que isso? Porque esses profissionais atuam diretamente com a família para combater não apenas a questão da evasão.
Falando em evasão, como funciona na prática o combate à evasão escolar?
Hoje, se o aluno se ausenta por 15 dias na escola, esse núcleo que lhe falei, formado por psicólogos, procura a família, se informa sobre o que está acontecendo. Por isso, voltando aos nossos pilares da educação básica, temos uma rede hoje que envolve tudo: estrutura, salário, formação e busca ativa por estudantes.
E como está a recuperação da Educação no pós-pandemia? Certamente as crianças em idade escolar perderam muito.
Sim, e é importante salientar que nós sabíamos que a pandemia, de antemão, causaria um prejuízo. Há estados por aí que melhoraram demais no pós-pandemia, mas nós não vamos entrar nessa discussão, porque é estranho o resultado de alguns estados, que insinuam que a escola fechada poderia ter sido melhor que a escola aberta. Por isso não vamos entrar na questão do Índice da Educação Básica [Ideb].
A gente tinha uma previsão de recuo do Ideb para o pós-pandemia, e depois já apresentamos para o governador, no ano passado, uma melhora significativa, já no primeiro ciclo de Ideb conosco. Nós fizemos o que muitos estados não fazem, nós expandimos nossa base de avaliação de 20% para 80% da rede pública. Há estados que tem uma estratégia de não expandir a base de estudantes avaliados para apresentar bons resultados.
No nosso caso, os resultados que tivemos com a expansão da base foram muito bons, porque mostra o nível de proficiência de nossos alunos, porque se com 20% dos alunos eu tenho um resultado e com 80% da base avaliada eu mantenho o resultado, isso mostra que a rede trabalha de forma padronizada.
municipal, procurar uma [enciclopédia] Barsa e pesquisar um mundo, fazer um trabalho.
Aquela era nossa capacidade de pesquisa. Na televisão a gente não tinha interação, assistíamos ao que nos era imposto. Tudo isso acabou, essa geração dos nativos digitais é composta por cidadãos que escolhem o que vão assistir, quantas vezes vão assistir e com uma capacidade de interação gigante. Até certo ponto, isso pode ser bom, mas também faz com que eles percam o interesse no trato com o professor.
do aparelho na escola.
Sobre as mudanças no Ensino Médio, o que de fato vai acontecer?
Nós viemos de uma legislação que obrigava 1,8 mil horas de formação básica para o estudante e dava às redes [de ensino] a liberdade para formular as disciplinas dentro de uma carga horária total de 3 mil horas, que incluía a formação profissional. No passado, a educação profissional era oferecida de forma subsequente e a principal mudança é que hoje o estudante faz a educação profissional com o Ensino Médio, é o que chamamos de qualificação técnica de nível médio
.meta já foi cumprida. Chegamos a 62% das nossas escolas oferecendo ensino em tempo integral.
Agora entendemos que nosso foco muda, porque já atingimos nossa capacidade de oferta de vagas em tempo integral. A gente percebeu que, para além desse patamar, a juventude não tem interesse. Esse porcentual é o máximo que a gente consegue chegar no Ensino Médio porque essa gurizada que está com 16 para 17 anos já está muito perto do mercado de trabalho em um estado cuja taxa de desocupação é de 4%.
Nessa época, muitos já têm acesso ao mercado de trabalho e, quando têm acesso ao tempo integral, dizem: “Não, obrigado”. Então a gente está expandindo o ensino integral para o Ensino Fundamental, que é onde há uma demanda muito grande das famílias. Nosso foco para 2025 em Mato Grosso do Sul é abrir 12 mil novas vagas em tempo integral – e serão no Ensino Fundamental, porque no Ensino Médio o Estado já atingiu seu limite.
Perfil
Hélio Daher
Professor efetivo da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande, graduado em Geografia pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal (Uniderp) e especialista em Gestão Escolar pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Tem mestrado profissional em Educação pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Foi professor de Geografia nas redes municipal e estadual em Campo Grande. Atual secretário de Estado de Educação de MS.
fonte/correio do estado.