Conecte-se conosco

Geral GritoMS

Documentando o número de vítimas do Holocausto e da perseguição Nazista

Publicado

em

O Holocausto é o caso de genocídio melhor documentado de toda a história.  A despeito disto, calcular o número absolutamente correto de indivíduos mortos como resultado das políticas nazistas é uma tarefa impossível pois não existe um documento único, datado do período da Guerra, que especifique o número total dos mortos.  Em alguns casos, contrário à opinião popular, os registros sequer foram mantidos. 

  • Ja próximo ao final da Guerra, os nazistas e seus colaboradores tentaram destruir uma grande parte da documentação existente e outras evidências físicas do que eles haviam perpetrado.
  • Para estimar de forma acurada a extensão das perdas de vidas, desde o início de 1940 os pesquisadores, órgãos governamentais e instituições judaicas têm se valido de uma variedade de dados — incluindo relatórios censitários, arquivos capturados dos alemães e outros países do Eixo; bem como de investigações levadas a cabo após a Guerra.
  • As estimativas atuais podem ser alteradas conforme nova documentação seja encontrada, ou conforme os historiadores consigam chegar a um entendimentos mais preciso sobre os eventos daquele período.

As Conseqüências do Holocausto

Enquanto as tropas Aliadas atravessavam a Europa em uma série de ofensivas contra a Alemanha nazista, elas encontravam e liberavam os prisioneiros dos campos de concentração. Muitos deles haviam sobrevivido às marchas da morte do leste europeu para o interior da Alemanha. Após a libertação, a maioria dos sobreviventes não podia ou não desejava voltar às suas antigas moradias nos países do leste da Europa devido ao anti-semitismo e à destruição de suas comunidades durante o Holocausto.

Os que retornavam sentiam suas vidas ameaçadas. Muitos sobreviventes, desabrigados pelo Holocausto, migraram para o oeste, para territórios libertados pelos Aliados, onde encontraram abrigo nos campos para deslocados de guerra (DP) e nos centros de refugiados, enquanto aguardavam condições para deixar a Europa.

Calcular com exatidão o número correto de pessoas mortas como resultado das políticas nazistas é uma tarefa extremamente difícil.  Não há um só documento criado por funcionários nazistas na época da Guerra que explicite exatamente quantas pessoas foram mortas durante o Holocausto, na Segunda Guerra Mundial.

O fato mais importante a se ter em mente é que, ao se tentar documentar o número de vítimas do Holocausto, não há em todo o mundo uma lista única, básica, que abranja todos os que pereceram durante o Holocausto.

O que se segue são estimativas, as mais corretas possíveis, sobre os civis e soldados desarmados mortos pelo regime nazista e seus colaboradores.

Estas estimativas foram calculadas a partir de relatórios do período da Guerra, feitos por aqueles que implementaram a política populacional nazista, e estudos demográficos de perda populacional durante a Segunda Guerra Mundial.

Número de Mortes

GrupoNúmero de Mortes
Judeus6 milhões
Civis soviéticosCerca de 7 milhões (incluíndo os civis judeus soviéticos que já estão incluídos na estimativa acima para os judeus)
Prisioneiros-de-guerra soviéticosCerca de 3 milhões (incluíndo cerca de 50 mil soldados judeus) 
Civis poloneses não-judeus Cerca de 1.8 milhões (dentre eles de 50 mil a 100 mil membros da elite polonesa) 
Civis sérvios (no território da Croácia, Bósnia e Herzegovina) 312.000
Pessoas com deficiências que viviam em instituições para lá serem cuidadas Até 250.000
Roma (Ciganos)Até 250.000
Testemunhas de JeováCerca de 1.900
Criminosos reincidentes e aqueles denominados como anti-sociais Pelo menos 70.000
Alemães oponentes políticos e ativistas dos movimentos de resistência dentro dos territórios ocupados pelos países do Eixo Número indeterminado
HomossexuaisCentenas, possivelmente milhares (presumivelmente agregados de forma parcial dentre os criminosos reincidentes e aqueles denominados como anti-sociais, acima mencionados)
Escovas de cabelo das vítimas, encontradas logo após a libertação do campo de Auschwitz.Escovas de cabelo das vítimas, encontradas logo após a libertação do campo de Auschwitz. Polônia, depois de 27 de janeiro de 1945.Dokumentationsarchiv des Oesterreichischen Widerstandes

Perda de Judeus por Local de Morte

Com relação ao número de judeus que foram mortos durante o Holocausto, as estimativas mais corretas, por local de eliminação, são apresentadas abaixo:

Local da MortePerdas Judaicas
Complexo de Auschwitz  (incluindo Birkenau, Monowitz e seus subcampos)Aproximadamente 1 milhão
Treblinka 2Aproximadamente 925.000
Belzec434.508
Sobibor Pelo menos 167.000
Chelmno156.000–172.000
Mortos a tiros em operaçòes coordenadas em vários locais nas áreas central e sul da Polônia então ocupada pelos alemães (o “Governo Geral”)Pelo menos 200.000
Mortos a tiros em operaçòes coordenadas na área ocidental da Polônia anexada pela Alemanha (Distrito de Wartheland)Pelo menos 20.000
Mortes em locais diferentes das instalações alemãs designadas como campos-de-concentraçãoPelo menos 150.000
Mortos a tiros em operaçòes coordenadas e nos vagões-de-gás em centenas de localidades nas áreas ocupadas pela Alemanha na então União Soviética Pelo menos 1.3 milhões
Mortos a tiros em operaçòes coordenadas na União Soviética (judeus alemães, austríacos e tchecos deportados para a União Soviética) Aproximadamente 55.000
Mortos a tiros em operações coordenadas e nos vagões-de-gás na SérviaPelo menos 15.088
Mortos a tiros ou torturados até a morte na Croácia, sob o remige da Ustaša 23.000–25.000
Mortes nos guetosPelo menos 800.000
Outros1Pelo menos 500.000
Cemitério do Instituto HadamarSoldado americano olhando o cemitério do Instituto [psiquiátrico]Hadamar, onde pessoas com problemas mentais, vítimas do programa de eutanásia nazista, foram enterradas em valas coletivas. Esta fotografia foi tirada por um fotógrafo militar norte-americano logo após a libertação. Alemanha, 5 de abril de 1945.US Holocaust Memorial MuseumCourtesy of Rosanne Bass Fulton

Notas sobre a Documentação

Não há um documento único com o número dos mortos 

Não existe um documento-básico preparado na época da Guerra que contenha todos os dados ligados às mortes dos judeus.

Existem três razões óbvias e interrelacionadas para a inexistência de tal documento:

  1. A compilação das estatísticas completas do número de judeus assassinados pelos alemães e pelos países que compunham o Eixo só foi iniciada em 1942 e 1943. Ela foi interrompida nos dezoito meses finais da Guerra.
  2. A partir de 1943, conforme se tornava claro que perderiam a Guerra, a Alemanha e demais países do Eixo começaram a destruir uma grande parte da documentação existente. Eles também destruíram evidências físicas dos assassinatos em massa por eles perpetrados.   
  3. Até o final da Segunda Guerra e o fim do regime nazista, não houve gente com inclinação pessoal ou com disponibilidade para contar as mortes judaicas. Assim, as estimativas totais só foram calculadas após o término daquele conflito, e elas foram baseados em dados demográficos de perdas e nos documentos criados pelos próprios criminosos. Embora fragmentárias, tais fontes provêm dados imprescindíveis que permitem tais cálculos.  

Apenas um estudo estatístico primordialmente focalizado nas mortes dos judeus pelas autoridades alemãs sobreviveu à Guerra.  Uma de suas cópias estava entre o material capturado pelo exército norte-americano em 1945. Do mesmo modo, várias compilações regionais destes dados terríveis estavam entre o material apreendido pelas forças norte-americanas, britânicas e soviéticas após o término da Guerra. Em algumas ocasiões, os EUA, a Grã-Bretanha e a União Soviética utilizaram parte desses documentos como evidências nos processos civis e criminais voltados contra os assassinos.

Números de Civis Poloneses e Soviéticos

Com relação aos números de civis poloneses e soviéticos, no momento ainda não existem ferramentas estatísticas adequadas que permitam aos historiadores distinguirem entre: 

  1. Indivíduos que foram assassinados por questões raciais
  2. Pessoas que realmente lutaram ou acredita-se haverem lutado na resistência clandestina (partisans).
  3. Pessoas mortas como forma de represália por atividades de resistência, reais ou imaginárias, levadas a efeito por pessoas distintas das acusadas
  4. Perdas de vida devido às chamadas “perdas colaterais” durante atividades militares.

No entanto, virtualmente todas a mortes de civis soviéticos, poloneses e sérvios durante o curso de atividades militares ou de operações contra os partisans possuíam um componente racista.  As unidades alemãs conduziam aquelas operações por razões ideológicas e com um deliberado e total menosprezo pelas vidas dos civis.

Fonte: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/documenting-numbers-of-victims-of-the-holocaust-and-nazi-persecution

Continue lendo
Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Facebook