Campo Grande
Com UTIs lotadas por quem já chega grave, saúde quer mais rigor e monitoramento
Com explosão de casos de Covid-19 em Campo Grande e também em Mato Grosso do Sul, os leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) destinados a pacientes com a doença estão lotados. Mais grave, é o fato de que grande parte de quem passa a ocupar essas vagas já chega em estado crítico, reduzindo as chances de cura.
A constatação da SES (Secretaria de Estado de Saúde) indica que o risco de um paciente que dá entrada para atendimento médico já em estado crítico, é alto. Para o secretário estadual de saúde, Geraldo Resende, “o paciente já chega bastante debilitado e precisa do uso imediato da UTI. Com isso, a possibilidade de um desfecho positivo diminui”.
Ele explica que apesar de não haver números, a constatação é real e por isso, está “apertando, cobrando” as secretarias municipais de saúde para que façam um “monitoramento mais amiudado na atenção primária, atentando para qualquer sinal de agravo em pacientes contaminados que estiverem em isolamento”.
Isso para que essas pessoas possam passar pela tentativa de recuperação ainda nos leitos clínicos e quem sabe, nem precisarem ficar internadas em leito intensivo.
Uma das medidas que está sendo adotada para evitar os agravamentos com internação imediata em UTI, é que os agentes comunitários de saúde possam ser a ponte da informação entre o estado de saúde dos pacientes confirmados e o serviço de saúde.
“Editamos decreto que prevê adicional aos agentes comunitários de saúde para que façam esse trabalho de monitoramento. Havia uma resistência desses agentes em proceder dessa forma e agora, serão pagos na integralidade se estiverem participando dessa verificação”, explicou o secretário.
Segundo Resende, o mesmo movimento de ocupação imediata de leitos de UTI está sendo verificada no sistema privado de saúde. No Hospital da Cassems, por exemplo, de 15 pacientes já analisados, 11 chegaram em estado crítico e precisaram ser internados imediatamente em UTI.
A médica intensivista Ana Carolina Viana Alvarenga, que trabalha no hospital, explica que maior parte dos pacientes que precisaram de internação em leito intensivo, “de fato chegaram precisando de assistência ventilatória muito rapidamente”.
Ela não soube informar se o paciente chegou no hospital já grave porque demorou a buscar atendimento ou se a indicação médica por UTI é que foi tardia. “Como a evolução da doença é rápida, talvez esses pacientes tenham chegado graves mesmo”, avalia.
Sobre os riscos, ela afirma que dados mundiais indicam que a taxa de mortalidade por covid-19 em pacientes que precisam de um leito de UTI é de 70%. Os dados específicos referentes ao Hospital Cassems está abaixo disso, mas segundo ela, os dados ainda estão sendo computados.
Para a infectologista Mariana Croda, do COE (Centro de Operações de Emergência) da SES, está havendo aumento da taxa de letalidade por covid-19 em Mato Grosso do Sul, que se mantinha em 1% diante do total de casos confirmados, está em 1,4%, com tendência de crescimento.
“Estamos enxergando apenas a ponta do iceberg, porque não são todas as pessoas que têm acesso à testagem e esse é o drama a covid, a evolução da doença é muito rápida e num dia a pessoa está bem e no outro precisa de UTI”, detalha.
Diante disso, o ideal é que haja isolamento, porque quanto menos pessoas forem contaminadas, menos precisarão de leitos de UTI.
“Com essa explosão de casos o que muda é que é preciso aplicar uma medicina de guerra e salvar quem precisa de UTI. Tivemos internações frequentes durante a pandemia, aumentamos o número de leitos e eles estão sendo ocupados e isso é política de minimizar dano e não de contenção da doença”, explica.
Fonte: notíciasCG