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Exclusivo: detalhes inéditos da investigação do Facebook que derrubou perfis bolsonaristas

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Por trás desses perfis estavam assessores pagos com dinheiro público. Eles são acusados de manipular o debate público na internet, usando fake news, desinformação e ataques a adversários do presidente.

O Fantástico mostrou em uma reportagem neste domingo detalhes inéditos da investigação do Facebook que levou, no começo de julho, à derrubada de páginas em redes sociais ligadas ao presidente Jair Bolsonaro e a políticos do PSL.

Por trás desses perfis, estavam assessores, pagos com dinheiro público. Eles estão sendo acusados de manipular o debate público na internet, usando fake news, desinformação e ataques a adversários do presidente.

O anúncio do Facebook da remoção de um conjunto de contas e páginas brasileiras devido ao chamado comportamento inautêntico coordenado foi no dia 8 de julho. Segundo a plataforma, era um esquema com dezenas de perfis, que escondiam a verdadeira identidade dos criadores. Essas contas acumulavam cerca de 2 milhões de seguidores no Facebook e no Instagram – rede social que também pertence à empresa.

O Fantástico teve acesso exclusivo às principais páginas derrubadas pelo Facebook, e nossa equipe analisou as postagens em detalhes, mostrando o mecanismo dessa rede e revelações sobre o perfil dos integrantes.

Um deles é assessor especial do presidente Jair Bolsonaro, que trabalha dentro do Palácio do Planalto: Tércio Tomaz recebe um salário de mais de R$ 13 mil. Além de uma conta pessoal, Tércio mantinha outras duas, anônimas, chamadas Bolsonaro News.

A investigação também apontou que a rede de contas falsas era operada por dois assessores ligados ao deputado federal Eduardo Bolsonaro. Um deles é Eduardo Guimarães, que já tinha sido descoberto na CPI das Fake News por ter usado um computador da Câmara dos Deputados para criar a conta de ataques virtuais “Bolsofeios”; o outro assessor é Paulo Eduardo Lopes, ou Paulo Chuchu, como ele se apresenta – ele teve seis contas derrubadas: quatro se passavam por redações jornalísticas, como The Brazilian Post, The Brazilian Post ABC e Notícias São Bernardo do Campo, segundo o Facebook.

Outro assessor que mantinha pelo menos oito páginas inautênticas era Leonardo Rodrigues de Barros. Ele trabalhava pra deputada estadual Alana Passos, do PSL do Rio, e recebia um salário de mais de R$ 6 mil. O presidente chegou a gravar um vídeo para uma dessas páginas.

Postagens feitas por Leonardo eram compartilhadas pela noiva, Vanessa Navarro, assessora do deputado estadual Anderson Moraes, do PSL. Pelo menos sete páginas ligadas a Vanessa foram derrubadas – os nomes eram parecidos, com pequenas variações, apesar de pertencerem à mesma pessoa, uma prova, segundo o Facebook, do comportamento enganoso.

A investigação também aponta que funcionários ligados ao senador Flávio Bolsonaro, do Republicanos, participaram do esquema, mas não traz detalhes.

O histórico de postagens a que tivemos acesso exclusivo são peças fundamentais pra entender como as redes sociais foram operadas na eleição de 2018.

Detalhes dessa investigação sobre a rede brasileira vão ser encaminhados à Polícia Federal. A decisão foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, nos inquéritos que apuram a disseminação de fake news e o financiamento de atos antidemocráticos.

Nós procuramos o presidente Jair Bolsonaro e os filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, do PSL, e o senador Flávio Bolsonaro, mas eles não responderam.

O assessor do Planato Tércio Tomaz também não quis falar.

A defesa de Paulo Eduardo Lopes afirmou que ele “jamais administrou qualquer página de conteúdo jornalístico” e que “o Facebook se equivocou ao banir as páginas de Paulo Chuchu de suas plataformas”.

O advogado de Leonardo Rodrigues de Barros Neto disse que “não há qualquer fundamento” nas investigações que apontam seu cliente como dono de “perfis inautênticos”, “já que sua identidade é conhecida”. Mas a defesa não esclareceu por quê Leonardo mantinha um site, que omitia sua autoria e se apresentava como jornalístico.

A deputada Alana Passos, do PSL do Rio, disse que “não responde por aquilo que servidores publicam em suas redes sociais pessoais” e que Leonardo pediu exoneração em abril.

A defesa da assessora Vanessa Navarro classificou a exclusão da conta como “atentado à liberdade de expressão”. O deputado estadual Anderson Moraes, também do PSL do Rio, afirmou que a derrubada das páginas de Vanessa configura censura prévia./

A reportagem é de Murilo Salviano, Diego Zanchetta, Alan Graça Ferreira e Nancy Dutra.

Fonte: https://g1.globo.com/fantastico

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