Política
Resende chama bolsonaristas de “fascistas e nazistas” e tumulto encerra audiência pública
Grupo protestou contra passaporte da vacina e enfrentou a fúria de secretário estadual de Saúde: “nazistas e fascistas não passarão”
O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, enfrentou, na tarde desta segunda-feira (27), os bolsonaristas, que protestavam contra a criação do passaporte da vacina em Campo Grande. Durante debate na Câmara Municipal, o tucano se exaltou e chamou os protestantes de “fascistas e nazistas”. O grupo reagiu e o tumulto levou ao encerramento da audiência pública na Câmara dos Vereadores.
Convocada pelos vereadores Ayrton Araújo e Camila Jara, ambos do PT, a audiência começou tensa. Todos os defensores da vacinação em massa da população e da adoção do passaporte para conter a pandemia da covid-19 eram vaiados e interrompidos constantemente pelos bolsonaristas.
Com faixas e cartazes contra o passaporte e vestidos nas cores da bandeira, eles foram convocados para protestar contar a medida adotada por mais de 200 cidades brasileiras. Logo no início, Araújo ameaçou suspender o debate e levar o projeto à votação. “Não adianta gritar nem levar no grito”, alertou.
Ícone do combate à pandemia no Estado, devido às lives diárias para apresentar os boletins e fazer alertas à população sobre a gravidade, Resende evitou falar no espaço reservado à secretaria e colocou o coronel Marcello Fraiha, assessor da pasta e do Corpo de Bombeiros, para “apresentar dados técnicos”.
Os deputados estaduais do PT, Amarildo Cruz e Pedro Kemp, enfrentaram as vaias para defender o passaporte da vacina. O primeiro destacou que o direito à vida é maior que a liberdade. “15% (dos moradores da Capital) que não se vacinaram, não têm o direito de colocar em risco a vida de todo mundo”, afirmou Cruz. Kemp criticou a propagação de fake news, como o de que a vacina tinha veneno e altera o DNA. “Quem não acredita na ciência, vai estudar”, aconselhou o petista.
Outra que enfrentou a fúria foi a secretária geral da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação), Sueli Veiga Melo. “Se não tomar a vacina, tem liberdade, mas fique em casa”, aconselhou, enfrentando sonora vaia e protestos dos bolsonaristas.
Professor André (Rede) tentou falar como técnico, mas ficou irritado por ser constantemente interrompido. “Vocês precisam rever o conceito de liberdade”, afirmou, após o grupo interrompê-lo aos gritos de “liberdade, liberdade”.
Após receber elogios de várias correntes, inclusive de bolsonaristas, como o vereador Sandro Benites, o Dr. Sandro (Patri), Geraldo Resende tomou coragem para defender a vacinação da população e enfrentar os manifestantes. “Muitas vidas foram salvas, até daqueles que gritam liberdade, liberdade”, começou o secretário estadual de Saúde.
Em seguida, ele acabou se dirigindo diretamente aos bolsonaristas. Ele disse que o grupo pede liberdade, mas vai às ruas para defender a volta da ditadura militar, o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. “Vocês querem detonar nossos instrumentos da democracia”, afirmou o tucano, exaltado, e sob vaias do plenário.
“Nazistas e fascitas não vão prosperar. Nosso povo haverá de derrota-los e coloca-los na lata do lixo da história”, gritou Resende, causando fúria ainda maior dos manifestantes. “Vocês não passarão”, afirmou. O tumulto causado pela manifestação do secretário exigiu reforço da Guarda Municipal Metropolitana, que fazia a segurança do plenário.
A confusão levou a organização a encerrar a audiência pública sobre o passaporte da vacina na Câmara Municipal.
Fonte:https://ojacare.com.br