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Câmara de BH reforça segurança por ameaça de ‘banho de sangue’ contra vereadores

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Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) publicou nota que repudia ameaças a parlamentares e à sede do Legislativo da capital e anunciou que Iza Lourença (PSOL) e Cida Falabella (PSOL), ameaçadas de “estupro corretivo”, receberão escolta e segurança adicional. Medidas foram divulgadas na tarde desta segunda-feira (21), após reunião do Colégio de Líderes com representantes de 7 bancadas e 7 blocos, ocorrida à tarde.  

Além das ameaças às vereadoras citadas, a CMBH alegou que “foram compartilhadas informações sobre e-mails recebidos por parlamentares da Câmara Municipal de Belo Horizonte contendo ameaças de um ‘banho de sangue’ na sede do Poder Legislativo, dentre outros conteúdos que não serão expostos por orientação de especialistas”.  

“Além das manifestações de repúdio, a Presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte, em conjunto com a Superintendência de Segurança, anunciou medidas para garantir a integridade de parlamentares e servidores. Um ofício foi enviado à prefeitura de Belo Horizonte requisitando a presença mais ostensiva da Guarda Municipal no entorno do parlamento e em visitas técnicas de vereadores”, acrescenta a nota.  

Reuniões ordinárias e extraordinárias de comissões especiais, comissões permanentes, comissões parlamentares de inquérito, além das sessões ordinárias e extraordinárias, “ficarão restritas apenas a parlamentares e servidores essenciais às atividades. As reuniões solenes contarão com aparato especial de segurança”, diz a presidência da CMBH. Ainda, entrada na Câmara ficará restrita a reuniões nos gabinetes dos vereadores, com devida verificação entre as equipes de cada parlamentar e a Superintendência de Segurança. 

“Em especial, as vereadoras Cida Falabella e Iza Lourença, do PSOL, contarão com segurança realizada pela Guarda Municipal e com a segurança armada da Presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Tais medidas valerão por tempo indeterminado considerando o avanço das investigações dos órgãos competentes. Espera-se celeridade e seriedade das autoridades diante de um quadro inaceitável de ameaças ao Poder Legislativo”, conclui o texto.

Líder de governo na CMBH, Bruno Miranda (PDT) afirmou à reportagem esperar que “tudo não passe de um trote de mal gosto”. “Estamos esperando as investigações da polícia para seguir o trabalho com tranquilidade, sobretudo em solidariedade às vereadoras ameaçadas”.

Vereadoras foram à polícia 

As ameaças recebidas por e-mail, na noite de quarta-feira (16), pelas vereadoras Cida Falabella e Iza Lourença, ambas do PSOL, fizeram com que elas fossem, na tarde de quinta (17), à Delegacia Especializada em Investigação de Crimes Cibernéticos, registrar queixa e denunciar o conteúdo das mensagens. O e-mail, que tem como título “estupro corretivo funciona”, narra, com detalhes, uma cena de violência sexual e termina dizendo que o autor poderia ir à casa das vereadoras para “demonstrar como funciona” a prática criminosa. O texto ainda diz que “que o estupro é para curar lésbicas”.  

A vereadora Iza Lourença conta que ela e sua colega Cida Falabella optaram por não divulgar a autoria da mensagem para a imprensa e para o público. “É um e-mail asqueroso que descreve um estupro e que fala, no final, que a pessoa pode ir à nossa casa praticar o estupro. Acho que a gente pode falar que é só um e-mail. Mas é nisso que eles se apegam pra fazer uma ameaça dessa e achar que vai ficar impune. Por isso que a gente veio fazer a denúncia na delegacia. Porque não pode ficar impune um grupo que se organiza pra mandar um e-mail de ameaça de estupro, ou seja uma violência política de gênero e acha que vai ficar impune”, conta Iza. 

Cida se emocionou ao lembrar das ameaças e agradeceu o apoio recebido de praticamente todos os setores da sociedade. “A gente se reuniu pra decidir pra ver como vai tratar isto e estamos tendo um apoio muito grande, da Prefeitura, da Câmara Municipal, dos amigos e de toda a sociedade. A gente quer dizer que isto não vai nos parar. O medo existe porque somos mulheres e é uma situação muito delicada quando a pessoa fala que vai na sua casa. Isso afeta a gente. Afeta na sua intimidade, porque da porta pra dentro eu não sou vereadora. Eu sou mãe, eu sou avó. Mas a gente sabe que conta com muitas pessoas. O nosso medo vai estar amparado por estas pessoas e pela Justiça. Por isso a gente quer dizer para as mulheres que estamos juntos neste momento, para superar isto e colocar estes caras na cadeia, que é onde eles devem estar”, ressalta Cida. 

As parlamentares vão contar, nas próximas semanas, com proteção 24 horas de agentes da Guarda Municipal de Belo Horizonte. Iza Lourença lembra que sua luta contra a cultura do estupro no Brasil vai seguir ainda com mais força. “Nós estamos aqui pra dizer que nós não vamos compactuar com o grupo de nazistas que se organizam para praticar violência política contra nenhuma nenhuma mulher, mas principalmente para não fazer apologia ao estupro no nosso país, e nossa cidade”, finaliza a vereadora do PSOL.   

Duda Salabert 

Em agosto de 2022, a então vereadora por BH e hoje deputada federal Duda Salabert (PDT), relatou ter sido ameaçada três vezes de morte por grupos neonazistas. Na ocasião, ela chegou a contar que precisou fazer campanha à Câmara Federal com escolta e segurança armada, além de outros aparatos de segurança.   

“Hoje vou para nossa primeira agenda, escoltada, com seguranças armados. Não vão nos calar! As ameaças vieram assinadas com o número “14/88” – alusão à simbologia nazista. Tudo indica que entramos na eleição mais violenta do país. Para nossa segurança, farei campanha com carro blindado, colete à prova de bala e com escolta armada que me acompanhará”, afirmou, em 17 de agosto do ano passado. 

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