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Com chegada de eleição, Resende revela que 195 morreram por falta de UTI na Capital

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Somente em Campo Grande, nos últimos dois anos, 195 pessoas morreram em decorrência da covid-19 por falta de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em Campo Grande. Apesar de ser o responsável pelo combate à doença no Estado, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, só fez a revelação nesta semana, dois anos após o início da pandemia e, coincidentemente, no início da pré-campanha eleitoral. O tucano culpou a administração municipal por não ter enviado pacientes para o interior ou outros estados.

Além de negar a acusação, o secretário municipal de Saúde, José Mauro Castro, disse que Resende foi “imprudente” e fez “declaração caluniosa”. “É estranho esse comportamento”, afirmou o médico, que saiu em defesa do prefeito Marquinhos Trad (PSD), alvo dos ataques do tucano.

Apesar da denúncia ser gravíssima, Resende não a encaminhou ao Ministério Público Estadual ou Federal. “Só tivemos estas informações através de relatório do Core que é a regulação estadual após estes eventos”, justificou-se. Nem a polícia foi acionada para apurar a morte de 195 pessoas durante a pandemia por falta de leito de UTI.

Durante a pandemia, em todas as manifestações nas redes sociais e nas entrevistas, Resende sempre culpou a própria população pelas mortes. “É número muito triste que me indigna. Muitas destas mortes poderiam ter sido evitadas se tivéssemos apoio de parte da população. Se todos tivessem seguido as recomendações de distanciamento social, uso de máscaras, e cumprissem à risca as medidas de higiene, como a lavagem das mãos com água e sabão e o uso de álcool em gel, elas poderiam estar vivas”, afirmou Resende, em dezembro de 2020, conforme registro feito por sua própria assessoria.

No último sábado, Marquinhos confirmou a disposição de renunciar ao cargo de prefeito e disputar a sucessão de Reinaldo Azambuja (PSDB). Na quarta-feira (9), em entrevista à CBN, o secretário de Saúde mudou o tom, rompendo a parceria com o chefe do Executivo da Capital, mantida na maior parte dos últimos dois anos.

“Em determinados momentos nós tivemos que recorrer a outros estados para atendimento da população do MS, e a gente viu que o município poderia ter encaminhado pacientes da capital e nos causou espanto verificar que o estado de Rondônia, de São Paulo, São Bernardo dos campos nos ofertou leitos o município se negou a mandar esses leitos e acredito que nós poderíamos ter salvo vidas preciosas”, acusou Resende.

Conforme o titular da Secretaria Estadual de Saúde, 195 pessoas morreram entre 2020 e 2021. Apenas neste ano, mesmo com o arrefecimento dos casos graves, 10 teriam morrido por falta de leito de UTI.

José Mauro garantiu que as mortes contabilizadas por secretário estadual incluem aqueles que já chegaram sem vida à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) ou aos Centros Regionais de Saúde. Na sua avaliação, a taxa de letalidade das unidades de saúde do município, que foram transformadas em minihospitais e receberam leitos de UTI com aval do Ministério da Saúde, ficou em 3%, dentro da média nacional. O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, referência e administrado pelo Estado, teve taxa de mortalidade de 25%, conforme o boletim da própria unidade de saúde.

O município informa que 417 pacientes do interior e de oito estados foram atendidos nas UPAs e CRS. José Mauro aproveita o dado para cutucar Resende, acusando-o de ter ativado leitos de UTIs no interior, mas sem estrutura.

Conforme o secretário municipal, cidades com 10 leitos de UTI enfrentaram falta de oxigênio mesmo tendo apenas cinco pacientes internados. Outras enviaram para a Capital porque não havia profissional nem medicamentos para manter os pacientes intubados. A Sesau ainda ativou 100 leitos em hospitais particulares para dar conta da demanda nos três picos da pandemia. “Não deixamos ninguém sem assistência adequada”, garante José Mauro.

Sobre a não transferência de doentes para UTI de outras cidades, no interior ou em Rondônia ou São Paulo, o secretário municipal contou que a maioria das famílias não autorizou. “Colocamos todos os pacientes em condições de transferência, mas muitos familiares recusaram”, garantiu.

José Mauro parte para o ataque contra Geraldo ao lembrar que o hospital de campanha, montado com 120 leitos no pátio do HR, acabou sendo desmontando sem receber pacientes com covid-19. “Não conseguiu internar ninguém”, acusou. O MPF abriu inquérito para investigar o gasto milionário com a unidade de campanha.

O secretário rebateu o titular estadual de que Campo Grande não enviou nenhum tostão para ajudar o Hospital Regional. Ele lembrou que a prefeitura cedeu médicos, profissionais de enfermagem e fisioterapeutas para reforçar as equipes nas unidades de terapia intensiva.

O MPE já investiga as mortes nos postos de saúde, de acordo com a Sesau. No entanto, até o momento, o inquérito civil não teria constatado nenhuma falha, de acordo com o secretário municipal de Saúde.

O fato é que, conforme Geraldo Resende, “vidas preciosas” poderiam ter sido salvas e não foram. O ideal é que a denúncia fosse feito, por exemplo, em 2020, para que as perdas de vidas não ocorressem em 2021. No entanto, o tucano só deixou para fazer a acusação quando a pandemia começa a dar sinais de que está no fim, graças a Deus, porque se depender dos nossos políticos.

Fonte: O Jacaré

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