Justiça
COLUNA : DIREITO DE GRITAR
VIOLENCIA DOMÉSTICA?
Em tempos de pandemia e de isolamento e distanciamento social temos assistido pelos meios de comunicação o aumento nos índices crescentes na violência doméstica, não só em nossa Capital, mas em todo o Estado e País.
Muitas vezes a vítima se vê numa encruzilhada terrível, porque se de um lado o marido ou companheiro é o agressor, por outro lado ele é também em muitos desses casos o mantenedor do lar.
Eu sou pai e avô e com a experiência de quem trabalhou por quase quatro décadas no Poder Judiciário vivenciando todos os dias esses dilemas, posso garantir à mulher vítima de violência doméstica que ela não tem escolha diferente de denunciar.
Normalmente as agressões começam com uma palavra mal colocada e vai progredindo até que chegue muitas e na pior das hipóteses, numa agressão que muito das vezes chega ao feminicídio.
O Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul está na vanguarda em termos de atendimento a esse público por intermédio de um conjunto de instituições que compõem a CASA DA MULHER BRASILEIRA, a primeira do País.
Lá a vítima terá todo o atendimento necessário que o poder público pode prestar. A começar pelo atendimento humanizado, com atendentes preparadas, Agentes de polícia, Delegadas, Guarda Municipal, Psicólogos, Juíza, Promotora de Justiça, Serviço Social, FUNSAT, alojamento transitório e provisório para aquelas que não tem nem mesmo um lugar seguro para passar uma noite sequer.
É importante lembrar às mulheres vítimas de violência que às vezes exitam em denunciar o agressor que essa é, inclusive, uma forma de fazer com que o mesmo se recupere, pois em muitos casos o mesmo fora criado em um ambiente de agressões e acreditam que seja o normal, mas não é.
O que ocorre em muitos casos é que após a agressão denunciada e o afastamento do agressor do lar, a mulher por pena do ex-marido ou companheiro e, principalmente por amor aos filhos o aceitam de volta e dentro de sua casa. O Poder Judiciário o tira uma, duas, três vezes e infelizmente em muitos casos só para de tirar o agressor de casa no dia em que ele é levado pela Polícia e a vitima por um rabecão.
Como disse sou pai e avô e como tal, fiz e faço o que for possível para ajudar a meus filhos e neta, mas a mulher não faz apenas tudo o que for possível: ela faz o impossível, até mesmo aceitar o agressor de volta para satisfação, alegria e muitas vezes, pelo sustento dos filhos.
É importante pensar nisso. Todos nós nascemos para ser amados, ninguém nasceu para ser agredida (o), humilhada (o), ultrajada (o), vilipendiada (o) ou mesmo morta (o) por quem jurou amá-la (o) para sempre e a quem ela certamente deu o melhor de si e o melhor dos seus anos de vida.
Tome Consciência: DENUNCIE!
ALDO EURÍPEDES DONIZETE – Advogado